Reavaliação aumentou em 330% valor de terreno da Buettner, de R$ 2 milhões para R$ 8,7 milhões.
Imóvel será vendido para pagar dívidas trabalhistas da indústria têxtil que teve a falência decretada pela Justiça em 26 de abril de 2016. As dívidas da empresa alcançaram R$ 300 milhões e sua falência gerou a demissão de 600 funcionários, encerrando 100 anos de atividade.
O terreno da indústria Buettner com 2,8 milhões de metros quadrados fica no bairro Bateas, em Brusque, Santa Catarina.
Sede da indústria têxtil Buettner, Bairro Bateas, Brusque/SC (Google, 2011)
Primeira avaliação e leilão do imóvel
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (Sintrafite) solicitou a reavaliação por discordâncias em relação à primeiro avaliação realizada por perito designado pela Justiça de Santa Catarina.
Inicialmente, o terreno foi avaliado em R$ 2 milhões por laudo pericial. O terreno em questão havia sido vendido em agosto de 2016 por meio de leilão público.
À época, o certame foi vencido pela empresa Augusto Terraplanagem e Transporte, com arremate em valor inferior ao preço estipulado. O imóvel foi arrematado em R$ 1,5 milhão, ou seja, 75% do valor da avaliação oficial.
Então, o Sintrafite pediu ao Judiciário a nulidade desse leilão sob a alegação de inconsistências no laudo. Esse pedido baseou-se na análise de profissionais do mercado imobiliário, os quais estranharam o valor estipulado e disseram, informalmente, que seria muito maior.
O Sintrafite também solicitou realização de novo processo de venda com base na avaliação de preço atualizada.
Segunda avaliação do terreno
Em novembro de 2016, a juíza Clarice Ana Lanzarini, da Vara Comercial de Brusque, determinou nova avaliação e a notificação do cartório de registro de imóveis para que tornasse o imóvel indisponível, até que as inconsistências no valor de avaliação fossem apuradas.
O perito responsável pelo novo laudo, o engenheiro civil Leandro Cesar Pereira, apurou a quantia de R$ 8,7 milhões como o valor de mercado atualizado do terreno da Buettner, cerca de 330% a mais do que o obtido na perícia inicial.
No segundo laudo, o perito informou que, pela área total, o valor da propriedade poderia ser maior. Entretanto, a falta de infraestrutura reduziu seu valor de mercado.
“Ainda que tenha uma área considerada enorme, para os padrões municipais, o terreno não apresenta nenhuma infraestrutura instalada, como água, luz, gás, telefonia, iluminação pública, só mesmo estradas internas, sendo que algumas estão boas para o tráfego de veículos, outras não”, descreveu o perito no documento.
A empresa Augusto Terraplanagem apresentou impugnação ao novo laudo pericial, pois não concordou com o aumento do valor do imóvel. A empresa contestou a técnica empregada pelo perito para chegar ao valor apurado e pediu esclarecimentos.
Em 30 de maio de 2017, a juíza determinou ao perito manifestar-se sobre o pedido de impugnação apresentado. Após a resposta do perito, a juíza deve decidir se anula definitivamente o leilão realizado em agosto de 2016 ou homologa seu resultado.
Fonte: Jornal O Município, por Por Marcelo Reis, publicado em 14/6/2017.