O IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisa) lançou o Guia de Nanotecnologias para Trabalhadores no seminário sobre o tema, realizado em 13 de novembro de 2015, em São Paulo, capital.
O IIEP, em parceria com entidades de trabalhadores e movimentos sociais de todo o país, esteve presente no seminário “Os Desafios das Nanotecnologias para os Trabalhadores”. O evento foi realizado em 13 de novembro de 2015, no Sindicato dos Químicos em São Paulo, para o lançamento do Guia de Nanotecnologias para Trabalhadores.
No Brasil, de acordo o IIEP, faltam estudos sobre os riscos e impactos da utilização das nanotecnologias. As informações são geralmente produzidas do ponto de vista empresarial e os estudos realizados não fomentam de forma ampla transformações sociais, econômicas e políticas para o mundo do trabalho.
Assim, o lançamento do guia de nanotecnologia destinado aos trabalhadores enfatiza os esforços de todos que participaram desta publicação em benefício da disseminação de informações a respeito das nanotecnologias.
Apresentação do Guia sobre Nanotecnologias para Trabalhadores
A pesquisadora da Fundacentro, Arline Arcuri, apresentou o Guia de Nanotecnologia para Trabalhadores. Destacou a importância tanto do IIEP quanto da Fundacentro para mostrar o impacto da nanotecnologia e preparar informações básicas para que a sociedade possa entender o que é esta nova tecnologia.
Foram consultadas mais de 300 referências bibliográficas para compor o guia no formato eletrônico, que pode ser encontrado no link do IIEP. A pesquisadora apontou que as questões e áreas de conhecimentos no entendimento da nanotecnologia perpassam todas as áreas no direito, sociologia, física, química, e outras.
O Guia objetiva facilitar o acesso do público interessado às principais fontes de informações relacionadas ao tema, os quais compreendem artigos científicos, relatórios institucionais, livros, vídeos e outros.
O Guia impresso contem 80 páginas e 13 capítulos, contemplando a definição e números das nanotecnologias no Brasil e no mundo, principais aplicações e riscos das nanotecnologias, regulamentação, visão dos trabalhadores, referencias bibliográficas, glossário, glossário político e anexos. Essa iniciativa é parte de um projeto apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Destacando o tamanho do material na nanoescala, Arline explicou que o fulereno, um tipo de nanopartícula, tem a mesma relação com uma bola de futebol comparada ao tamanho do planeta Terra. O fulereno é formado de átomos de carbono, descoberto em 1985, sendo o mais comum o buckminsterfulereno (C60), com 60 átomos de carbono formando uma estrutura esférica. Também existem fulerenos maiores, com 70 a 500 átomos de carbono.
“O guia apresenta o regaste da história da nanotecnologia e as partículas na escala nano, sempre existiram. A nanotecnologia é considerada uma nova revolução industrial”, afirmou a pesquisadora.
Com relação aos investimentos nas áreas que utilizam a nanotecnologia é visivelmente perceptível através dos números o crescimento mo mercado mundial, sendo que em 2002 eram U$110.6 bilhões; e em 2015 alcançaram U$ 891.1 bilhões. “Não há área do conhecimento que não utiliza a nanotecnologia”, explicou Arline.
De acordo com estudos do governo, as nanotecnologias, juntamente com a biotecnologia e as tecnologias ambientais são as mais novas da revolução tecnológica. Na história das invenções, nos anos de 1780 a 1830, houve a revolução devido a máquina a vapor; já em 1830 a 1880, entram as estradas de ferro e aço; após vem a eletrificação de produtos químicos de 1880 a 1930; do automóvel e da petroquímica em 1930 a 1970; e as tecnologias da informação e comunicação estiveram presentes a partir de 1970 a 2010.
As nanotecnologias estão presentes no cotidiano das pessoas. Entretanto, os especialistas ponderam que “pouco ou nada se sabe a respeito dos riscos da sua manipulação, ingestão, inalação e consumo em geral. Por isso, a tentativa desta publicação é esclarecer um pouco melhor o que são afinal essas manipulações técnicas de matérias tão pequenas e como elas impactam a produção e a reprodução da vida humana”.
Há grande preocupação no processo de desenvolvimento das nanotecnologias. Principalmente, quanto aos riscos e a falta de controle social nos conselhos diversos e na participação dos trabalhadores ou entidades de defesa do meio ambiente e dos consumidores. A pesquisadora Arline relatou a inquietação em torno das consequências do lixo eletrônico e comentou que “é preciso saber como será tratado este lixo, pois se não for regulamentado a vida no planeta pode acabar”.
Comentários
O coordenador do IIEP, Sebastião Lopes Neto, afirmou que é necessário os trabalhadores saberem mais a respeito das nanotecnologias e suas implicações. É preciso compreender melhor os impactos negativos que materiais em dimensões nanométricas podem causar à saúde – tanto do trabalhador quanto do consumidor.
Para o pesquisador Luís Renato Balbão Andrade, Fundacentro regional Rio Grande do Sul, o ponto importante das discussões do seminário é a questão da pluralidade das visões em torno do tema: “Eu não tenho uma visão tão pessimista da situação, pois todas as inovações e mudanças na sociedade sempre imputem um risco e nós evoluímos a partir de experimentação”.
Luís Renato considerou valido o avanço das nanotecnologias, porém, acredita ser fundamental a cautela, usando o princípio da precaução e cuidados. Sobretudo, pensar adiante para identificar os problemas e poder saná-las.
“Da mesma forma, o avanço da tecnologia da informação mudou a nossa vida. Hoje usamos e estamos conectados ao mundo com a internet e os smartphones que também causam problemas. Essas discussões e essas visões multifacetadas são importantes, principalmente quando pessoas de várias formações e de diversos locais e experiências participam dessas tratativas, porque essa troca de experiência permite identificar os problemas. Desta forma, podemos controlar possíveis riscos e não ser controlado pelas novas tecnologias e sim, tomar as rédeas da situação”, observou o pesquisador Luís Renato.
Gilberto Almazan, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), ponderou que está sendo extremamente rápida a inserção da nanotecnologia. A capacitação e qualificação do trabalhador precisam ser constantes hoje em dia.
“A saúde do trabalhador ainda nos preocupa. Além do mais, outro fator preocupante é o caso do nanotubo de carbono que é muito parecido com a fibra de amianto. Por isso, a contribuição da Arline e do Sebastião Neto com a publicação do Guia vem ao encontro de abarcar e promover o conhecimento dos sindicatos, porque é extremamente interessante para o conjunto dos trabalhadores”, destacou Gilberto.
Ademir do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do RS, observou: “é uma questão nova e precisamos entender de onde vem e para onde vai à nanotecnologia. É necessário continuar a discussão e aprofundar no tema, junto com os trabalhadores”.
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Fonte: Fundacentro, por ACS / DMS, publicado em 19/11/2015