Rana Plaza, edifício que desabou em Bangladesh, não poderia alojar fábricas de roupas. Colapso da edificação em 24 de abril de 2013 causou a morte de 1.124 pessoas.
Arquiteto responsável pelo projeto afirmou que edifício tinha três andares a mais do que o planejado.
O desabamento do Rana Plaza, na periferia da capital Daca, foi o pior acidente industrial da história de Bangladesh. A edificação tinha cinco ateliês de confecção. Cerca de 3 mil pessoas trabalhavam no prédio no momento do acidente.
Segundo o governo bengalês, 1.124 pessoas morreram e 2.438 foram resgatadas com vida. O edifício desabou por ter sido construído sem respeitar as regras de segurança para edificações do seu porte. Seu proprietário, membro do partido apoiador do governo, foi preso e indiciado por homicídio culposo.
Edifício desabou por sobrecarga da estrutura
Enquanto as autoridades investigam a tragédia, o arquiteto responsável pelo projeto do Rana Plaza declarou que o edifício não foi planejado para receber equipamentos industriais pesados. O arquiteto relatou que o proprietário ignorou princípios básicos de construção.
Masood Reza, arquiteto da Vastukalpa Consultants e professor universitário, esclareceu que apenas lojas e escritórios deveriam funcionar no edifício. No entanto, no Rana Plaza funcionavam fábricas de roupas, onde trabalhavam mais de 3 mil pessoas, a maioria mulheres, manufaturando peças para marcas famosas, como Mango, Benetton e Primark.
Reza ressaltou ainda que o edifício deveria ter apenas seis andares, e não nove, como apresentava antes de desabar. Equipamentos pesados, como geradores de energia, afirma o arquiteto, também não poderiam ser colocados sobre a cobertura. Ele garante que sua empresa não foi informada sobre as mudanças no Rana Plaza, nem sobre a instalação de fábricas de roupas.
De acordo com os primeiros levantamentos feitos pelas autoridades de Daca, as vibrações produzidas por quatro geradores teriam provocado o desabamento. Eles haviam sido acionados após queda de energia.
Além dos geradores, a sobrecarga das centenas de máquinas de costura teriam levado o edifício ao colapso no dia 24 de março de 2013, segundo Main Uddin Khandaker, chefe das investigações.
OIT quer mais rigor na fiscalização
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) insiste que as autoridades bengalesas fechem todas as fábricas que não oferecem segurança a seus trabalhadores. Assim, pode-se acabar com acidentes “evitáveis”, esclarece Gilbert Houngbo, da OIT.
Gilbert afirma ainda que o governo de Bangladesh precisa garantir que todas as fábricas serão inspecionadas e realizadas as adequações necessárias. Fábricas que não podem ser reformadas deverão ter as portas fechadas.
Representantes da OIT, governo, empresários e empregados realizaram encontro em 4 de maio de 2013 para traçar um plano de ação. O governo garantiu que todas as fábricas de têxteis serão fiscalizadas e adotadas medidas necessárias para evitar novas tragédias.
O governo anunciou a contratação de 200 novos inspetores. Indústrias com maior risco serão desalojadas e os trabalhadores receberão treinamento de segurança. Porém, há certo receio das autoridades. Medidas semelhantes foram anunciadas em novembro último, quando um incêndio em fábrica de tecidos deixou 111 mortos.
Restrições exacerbadas
A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, e o comissário europeu do Comércio, Karel de Gucht, haviam ameaçado Bangladesh com sanções comerciais caso o país não adotasse as normas de segurança no trabalho.
O Ministério do Comércio de Bangladesh advertiu a União Europeia sobre a imposição de restrições excessivas para a indústria têxtil do país asiático. Um alto funcionário do governo ponderou que a produção será afetada e milhões de trabalhadores podem ser demitidos.
Na Alemanha, a chanceler federal Angela Merkel defendeu regras mais rígidas de forma negociada. Ao mesmo tempo, porém, ponderou que padrões de produção muito restritos em países em desenvolvimento poderiam atrapalhar o seu crescimento.
Fontes: Deutsche Welle, publicado em 05/05/2013; RFI, em 14/05/2013
Revisado e adaptado pelo Editorial da Loxxi
Crédito da imagem: REUTERS/Andrew Biraj – Resgate nos escombros do prédio que desabou em Bangladesh