Autoridades públicas e empresas devem intensificar a prevenção da LER/DORT. Aumento dos casos dessas síndromes em escala mundial tem natureza epidemiológica, ocorrendo em diversas cadeias produtivas ou atividades. No Brasil há 3,6 milhões de trabalhadores afetados.

As Lesões por Esforços Repetitivos e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Ler/Dort) são síndromes que causam danos aos tendões, músculos e ligamentos do corpo humano. Resultam de movimentos excessivos, irregulares e intensos os quais desencadeiam dores no sistema musculoesquelético, geralmente nos membros superiores.

Pessoas diagnosticadas com Ler/Dort sentem dor crônica no punho e na mão, e formigamento nos dedos ao executar atividades manuais. Também há sensação de desconforto, fadiga, sensação de diminuição de força, falta de firmeza nas mãos e enrijecimento muscular. Nos casos graves, não conseguem realizar de forma plena as suas atividades laborais e domésticas, afetando tarefas cotidianas como a higiene pessoal.

As Ler/Dort estão entre as doenças ocupacionais mais frequentes nas estatísticas da Previdência Social. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, revelou que 3,6 milhões de trabalhadores declararam ter diagnóstico de Ler/Dort. A pesquisa está disponível para consulta, clique aqui.

A evolução do número de trabalhadores acometidos pela Ler/Dort é um desafio para as autoridades de saúde em escala mundial por sua natureza epidemiológica, ocorrendo em diversas cadeias produtivas ou atividades com exposição semelhante. Desde 2000, o dia 28 de fevereiro, é considerado o Dia Internacional de Combate às Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados do Trabalho (Ler/Dort).

Pesquisadora da Fundacentro analisa a prevenção e tratamento da Ler/Dort

Em 27 de fevereiro de 2019, o programa “Fundacentro Entrevista” conversou com a médica e pesquisadora da instituição, Maria Maeno, sobre a importância da prevenção, assista ao vídeo abaixo.

Entrevista da médica e pesquisadora Maria Maeno (FUNDACENTRO, 2019)

A redução dos casos de LER/DORT depende de relações de trabalho dignas e harmônicas. Os trabalhadores precisam desenvolver suas atividades de forma a se sentirem valorizados e produtivos, em clima de cooperação e respeito mútuo com gestores e outros colegas.

Entretanto, a médica entende que as organizações não promovem esse ambiente colaborativo e harmônica. A pesquisadora afirma que a “A organização do trabalho que obriga os trabalhadores se esforçarem além do que eles podem, tanto no ponto de vista físico quanto psíquico, faz com que eles adoeçam”.

A médica também observou que as empresas precisam oferecer melhores condições dignas e de segurança no trabalho, propiciando meios adequados para executar bem as atividades laborais. Além do pagamento de bons salários, é preciso reconhecer o trabalhador de forma que se sinta valorizado e satisfeito com suas atividades.

Infelizmente, há poucas empresas que estão nesse patamar de gestão do trabalho. As pressões cada vez maiores para aumento da produtividade geram sobrecarga física e mental do trabalho, contribuindo para os adoecimentos e afastamentos. Quem paga a conta disso é a sociedade, sob a forma de gastos previdenciários custeados por todos os contribuintes.

O combate às Ler/Dort deve ser realizado de forma conjunta por empregadores e funcionários, a partir do levantamento dos riscos laborais ergonômicos. As iniciativas de prevenção das doenças ocupacionais são fundamentais para um ambiente laboral saudável.

Referências

Fundacentro. LER/DORT atinge 3,5 milhões de trabalhadores.

_________. Dia Mundial de Combate à Ler/Dort, o Programa Fundacentro Entrevista conversa com a médica e pesquisadora da instituição, Maria Maeno.

IBGE. Pesquisa nacional de saúde : 2013 : percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas : Brasil, grandes regiões e unidades da federação.