A exposição aos agentes químicos pode causar danos letais à saúde humana. Para avaliar os riscos decorrentes, é necessário determinar as concentrações dos agentes químicos no ar em ambientes de trabalho por meio de amostragem adequada e análise dos resultados obtidos.
O planejamento para avaliação e controle dos riscos químicos deve contemplar as seguintes etapas:
- Estimar e monitorar a exposição dos trabalhadores durante a jornada e ao longo da vida laboral para registros e estudos epidemiológicos.
- Conhecer os níveis de concentração nos ambientes de trabalho, incluindo espaços confinados.
- Fornecer parâmetros para implantação de medidas de controle e avaliar sua eficácia.
- Verificar a conformidade dos ambientes de trabalho e das exposições ocupacionais aos valores de referência estabelecidos na legislação e divulgados por entidades renomadas como a American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH (Conferência Governamental Americana de Higienistas Industriais), Organização Mundial da Saúde – OMS, e outras.
- Identificar e caracterizar fontes de contaminação dos locais de trabalho.
- Controlar e limitar a exposição de trabalhadores a concentrações elevadas através do monitoramento contínuo do ambiente de trabalho, em tempo real, utilizando instrumentos dotados de alarmes pré-ajustados.
Etapas da avaliação de riscos químicos
A avaliação de riscos químicos abrange a coleta de informações, visita aos locais de trabalho para observações detalhadas e a definição dos grupos de trabalhadores. A consulta aos trabalhadores e a discussão com eles são fundamentais para a boa caracterização.
No levantamento do número de trabalhadores expostos a cada agente químico ou mistura, identificam-se as atividades nas quais possam ser separados em grupos similares de exposição.
A avaliação qualitativa precede a avaliação quantitativa, devendo ser realizada de forma criteriosa por profissional experiente.
A avaliação quantitativa compreende o planejamento das amostras e medições das concentrações dos agentes químicos. Nessa etapa serão definidos os métodos de coleta e medições, a duração da amostragem e medição, o número mínimo de resultados exigidos, a escolha dos períodos para as coletas e medições, e a realização do diagnóstico inicial.
A metodologia adequada para a determinação da concentração atmosférica de cada agente químico nocivo nos ambientes de trabalho considera o limite de quantificação, sensibilidade e precisão ajustadas em faixas que incluam os valores de referências estabelecidos pelos órgãos reguladores.
Os valores obtidos são tratados estatisticamente, resultados obtidos por comparação com valores de referência para os ambientes de trabalho.
Requisitos técnicos
No Brasil, os valores de referência estão previstos nas Normas Regulamentadoras nº 9 (NR 9 – PPRA) e nº 15 (NR 15 – Atividades e Operações Perigosas e Insalubres), Anexos 11 e 12. Para a substância química Benzeno, ainda está em vigor o Anexo 13-A, da NR 15, e a Instrução Normativa nº 1, de 25/12/1995 (IN 01/95), a qual trata da determinação de suas concentrações no ar.
A avaliação qualitativa e quantitativa deve ser realizada por profissionais qualificados que tenham conhecimento das metodologias de química analítica para manipular tanto equipamentos de amostragem e medição de substâncias químicas no ar, quanto protocolos ou programas computacionais de estatística aplicados à avaliação dos agentes químicos no ar em ambientes de trabalho.
Saiba mais
A Fundacentro publicou em 2018 o “Guia Técnico sobre estratégia de amostragem e interpretação de resultados de avaliações quantitativas de agentes químicos em ambientes de trabalho”. O guia é de autoria do engenheiro agrônomo da Fundacentro da Bahia, Albertinho Barreto de Carvalho e teve a colaboração dos servidores da entidade.
Destinado a profissionais, especialmente da área da Higiene Ocupacional, o guia oferece informações sobre avaliações ambientais dos agentes químicos inseridas nos Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e nos laudos técnicos periciais.
A elaboração do procedimento técnico surgiu a partir de dúvidas sobre a real quantidade de medições de concentração necessárias para obter diagnóstico confiável, tanto pela exposição de trabalhadores, quanto pela contaminação do local de trabalho.
O guia possui 107 páginas, abordando definições e conceitos, diferenças existentes entre jornada e turno de trabalho, medição, monitoramento, etapas da avaliação quantitativa, interpretação de resultados e outros.
A publicação se baseia na legislação vigente no Brasil para a determinação das concentrações de agentes químicos em ambientes de trabalho e ainda sugere consulta adicional às recomendações de instituições internacionais e referências normativas.
Acesse o guia da Fundacentro – Clique Aqui.
Fonte: Fundacentro, acesso em 16/01/2019.