Trabalho com a cabeça inclinada a 60 graus

Atividades com a cabeça inclinada são prejudiciais à saúde. Você sabia que inclinar a cabeça para frente aumenta em mais de 4 vezes os esforços na coluna e pode gerar graves lesões à coluna cervical e a síndrome do “pescoço de texto”?

A cabeça humana tem cerca de 5 kg. Na posição inclinada a 60 graus seu peso equivale a uma carga de 27 kg, devido ao centro de massa deslocado para a frente, gerando tensões excessivas nas vértebras cervicais.

Você pode entender melhor as forças atuantes na coluna imaginando duas situações: 1) um balde cheio de água com 5 litros (5 kg) sobre os ombros; e 2) o mesmo balde carregado com as mãos e braços estendidos para baixo, a 60 graus.

A segunda situação é a mais crítica, requer maior esforço muscular.

Atividades com cabeça inclinada

É preciso evitar ou reduzir atividades de trabalho que demandam posturas com a cabeça mais inclinada com grande frequência. Os postos de trabalho precisam ser verificados quanto a essa situação prejudicial à saúde.

Evite a leitura de tela de celulares, tablets, computadores e outros dispositivos com a cabeça inclinada a mais de 30 graus. Inclinações maiores do que 30º (trinta graus) são prejudiciais.

À medida que o pescoço é flexionado para frente, a sobrecarga na coluna cervical aumenta gradualmente de 12 kg (a 15 graus), a 18 kg (a 30 graus) e até 27 kg (a 60 graus) – ver Figura 1.

Celular Pescoço Inclinado Síndrome

Fonte: Vitalia Quiropratica, Posture and Neuro-Ergonomics (2018).

Riscos ergonômicos: lesões e a síndrome do pescoço de texto

Manter a cabeça com a inclinação excessiva por períodos longos resultará em dores na nuca, ombros, coluna cervical, braços e mãos, e até enxaquecas.

Atualmente, as lesões na coluna aumentam mais no grupo cervicalgias do que as lombalgias. Essa mudança é resultado de novos hábitos sociais e tecnológicos devido ao uso intensivo de celulares, tablets e outros dispositivos móveis.

O manuseio de celulares por longos períodos com a cabeça inclinada pode causar a síndrome denominada por “text neck” (pescoço de texto, em tradução do inglês).

O fisioterapeuta Quemelo (2018) alerta que a síndrome do pescoço de texto está aumentando em vários países, especialmente entre os mais jovens. Estudos revelam a prevalência de lesões à parte superior da coluna, cervicalgia, de 17% a 68% entre os usuários de celulares.

Pessoas mais jovens são mais propensas a desenvolverem a síndrome do pescoço de texto, pois passam várias horas utilizando esses dispositivos.

Quanto maior o tempo do pescoço fletido para visualizar as telas nesses dispositivos, tanto maior o risco de distúrbios osteomusculares na região cervical.

Prevenção de lesões e posturas inadequadas

O médico ortopedista Edson Pudles, presidente do Comitê de Coluna da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologias, recomenda diversas medidas preventivas para usuários de celulares e tablets:

1) manusear celulares e tablets em posição mais alta;

2) fazer intervalos e praticar alguns alongamentos;

3) utilizar a função transformar o ditado falado em texto, disponível nos celulares;

4) manter o topo do monitor deve no plano horizontal dos olhos, cabeça não inclinada;

5) adotar postura sentada em cadeira confortável ao invés da deitada, com antebraços apoiados e joelhos fletidos a 90°, inclusive para leitura de livros.

Pais e educadores precisam estar atentos ao uso de dispositivos eletrônicos, orientando os jovens sobre seu manuseio com postura adequada.

O mesmo cuidado deve ser observado nas empresas, verificando as atividades que demandam a cabeça inclinada excessivamente e comprometem a postura do trabalhador.

Outra recomendação é baixar o aplicativo Text Neck, disponível para Android e iOS – baixe aqui. O aplicativo oferece diversos exercícios para melhorar a postura conforme o perfil do usuário.

Referências

QUEMELO, Paulo Vieira. Você já ouviu sobre a ‘Text neck syndrome’ ou a ‘Síndrome do pescoço de texto’? Portal PEBMED: 2016. Publicado em 18 Jun. 2018.

RIOS, Alan. Uso incorreto do celular pode provocar danos no pescoço e na coluna. Revista do Correio Brasiliense. Brasília: Correio Brasiliense. Publicada em 11 fev. 2018.

PENTEADO, Olga. Text neck: síndrome postural cresce na velocidade das redes sociais. Revista Vogue. Publicada em 22 jan. 2018.


Autor: Editorial Loxxi Engenharia, publicado em 25 jun. 2024.

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