Espanha reduz em 59% os acidentes fatais no trânsito entre 2005 e 2011, equiparando-se à Finlândia e Dinamarca.
Ex-diretor do Departamento de Trânsito da Espanha revela as medidas adotadas pelo seu governo que resultaram na redução de 59% no número de acidentes fatais. Ele foi um dos palestrantes no evento de segurança viária realizado na cidade de São Paulo.
No 4º Fórum Abraciclo – Mobilidade e Segurança em Duas Rodas – o especialista em trânsito Ramón Ledesma Muñiz expôs as ações adotadas em seu país para redução do número de acidentes fatais.
Em 2005, a Espanha implantou o Plano Estratégico de Segurança Viária com o objetivo inicial reduzir em 40% o índice de acidentes fatais de trânsito até 2008. No período 2005 a 2011, o resultado obtido foi de 59%.
De acordo com Muñiz, há dez anos a relação de acidentes fatais no trânsito espanhol era de 128 para cada milhão de habitantes ou 5,4 mortes por 100 acidentes. “Estávamos diante de um problema nacional”, disse o especialista.
Enquanto diretor-geral adjunto do Departamento de Trânsito da Espanha, entre 2004 e 2012, Muñiz promoveu ações concretas e integradas do governo.
Na época foi criado o Observatório Nacional de Segurança Viária, o Conselho Superior de Segurança Viária recebeu mais agentes de trânsito e foram elaboradas várias campanhas educativas, divididas por tipos de risco.
O modelo de habilitação foi reformulado, planos municipais de segurança viária foram desenvolvidos e dispositivos tecnológicos de vigilância foram implantados. Também foram investidos 8 milhões de euros na divulgação em meios de comunicação.
Juntas, essas ações promovidas pelo governo espanhol reduziram as infrações e as causas dos acidentes de trânsito entre 2001 e 2011.
Nesse período, a autuação de condutores alcoolizados caiu de 5% para 1,8%, as multas por excesso de velocidade diminuíram de 6% para 0,6% e a adesão ao uso do cinto de segurança pelos motoristas cresceu de 79% para 97%.
Segundo Muñiz, em 2010 a Espanha registrou 54 acidentes fatais de trânsito por milhão de habitantes, aproximando-se dos índices da Finlândia (50 por milhão) e Dinamarca (48 por milhão).
Entre 2007 e 2008, ao desenvolver plano específico para motociclistas, o governo espanhol entendeu que deveria evitar buscar culpados e se concentrar na redução dos acidentes. Assim, investiu na preparação desses condutores para pilotar de maneira segura com modificações no processo de habilitação, exercícios de pilotagem defensiva e em via pública, além da prova teórica e em circuito fechado.
Em outra frente a infraestrutura viária melhorou, inclusive com pistas mais aderentes para os pneus de motos. Como resultado, entre 2007 e 2011, mesmo com o aumento da frota de motocicletas, os acidentes fatais com seus condutores caíram 47%. “Foi um plano para os motociclistas e não contra eles”, ressaltou Muñiz.
Para os ciclistas, os espanhóis fomentaram o uso da bicicleta nas regiões centrais das cidades e sua circulação sobre calçadas. Nas vias de sentido único com circulação de bicicletas, a velocidade máxima para todos os veículos foi limitada a 30 km/h.
Muñiz é advogado e participou do fórum em São Paulo a convite da Abraciclo, associação que reúne fabricantes de motos e bicicletas.
Fonte: site Automotive Business, publicado em 22/05/2013.